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quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Havana-me

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Banzeiro

Tem pessoas que insistem em nos surpreender. O sorrateiro do Cristiano Kock Vitta, editor de esportes do Jornal de Limeira, é um escritor de marca maior. Desde uma simples matéria sobre aquela avenida que atraiu investimentos até um embriagado devaneio noturno que passeia entre o poema e a música, o cara de fato sabe escolher as palavras e expor sentimentos. Sou fã do blog dele, o Banzeiro.

Hoje, visitando o dito cujo (www.banzeiro.zip.net), me deparei com um post que cita meu nome. Tudo porque na semana passada, em uma conversa sobre samba – estou tentando convencê-lo a escrever um samba para a Maria Bethânia! – eu comentei sobre um dos novos trabalhos dela, o disco Encanteria, que traz uma seleção de sambas essenciais para a vida de qualquer brasileiro. Isso mesmo, a beleza é tamanha que não é exagero dizer que são essenciais a vida!

Conversa vai, bebida vem, e ele publicou algo sobre o CD. A parte que diz que a máxima “eu vim aqui foi pra vadiar” vai estar para sempre em seu cartão de visitas e em seu holerite é impagável! Melhor do que eu contar, é você acessar www.banzeiro.zip.net e ver com os próprios olhos.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

O céu é o limite!

Em se tratando de 2009, essa é a maior verdade que já existiu. O ano começou em verdadeiro estado de terror por causa da crise. Terror tão grande que me fez pensar seriamente em jogar tudo por alto e sair pelo mundo em aventuras, sem lenço nem documento. Ainda bem que não tive coragem. Se tivesse feito isso, talvez não estivesse agora com essa sensação deliciosa de vitória na boca, com essa sensação apaixonante do amor no peito e com uma vontade tamanha de ter um 2010 ainda mais extraordinário.

Em 2009, fiz amigos, deixei de estar com outros amigos queridos, tomei coragem para uma reviravolta em meu trabalho e em minha vida pessoal. O saldo, graças a Deus, extremamente positivo. Isso vem para comprovar a máxima, da qual sempre acreditei, de que toda mudança é para melhor. Senão de instantâneo, depois de um tempo. Mas que melhora, isso melhora!

Fica aqui a mensagem de otimismo que gostaria de passar para o novo ano. Espero que nele, os sonhos possam se realizar, as pessoas tenham paciência para escolher a hora certa de tomar atitudes e as cobranças venham no tom correto, nem acima e nem abaixo do necessário.

Projetos, tenho alguns. Deve acontecer algo importante em minha vida em 2010 se tudo correr conforme o planejado. Se o planejado não acontecer, tomara que o inesperado seja ainda mais gratificante. E será.

Um ótimo Natal pra mim, pra você, pros meus e pros seus. Que em 2010, assim como em 2009, o céu seja o limite!

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Apostar na população é apostar no caminho certo

A página 2 do Jornal de Limeira carrega consigo uma responsabilidade imensa. Trata-se de uma página onde o próprio jornal expõe sua opinião, ao lado da opinião de jornalistas, articulistas, políticos e influenciadores em geral. Semana passada, uma amiga comentou que um dos meus textos foi citado em uma reunião partidária da cidade. Uma reunião partidária da oposição. Tudo graças a essa coluna no JL.

Se minhas ideias estão circulando entre os que pretendem governar nossa cidade é porque, de alguma maneira, estão sendo levadas em consideração. E se estão sendo levadas em consideração, fica aqui mais uma.

Estive recentemente visitando a cidade de Indaiatuba, onde o prefeito local investiu no bem estar da população urbanizando uma área de quilômetros, margeada por duas grandes avenidas, onde ele instalou quadras, “playgrounds”, plantou árvores, construiu pesqueiros e urbanizou o local de uma maneira geral. A população se reúne nessa área para atividades saudáveis evitando assim aglomerações em locais inapropriados. Ficou extraordinário.

Não é de hoje que Limeira enfrenta sérios problemas com aglomerações em ruas e avenidas que não comportam grande número de pessoas, tornando o ambiente apropriado para transgressões, acidentes e até vandalismo. De tempos em tempos a polícia e a guarda municipal aumentam a fiscalização nesses locais obrigando os freqüentadores a mudarem para outra região que, da mesma maneira, não comporta tais aglomerações. Uma simples transferência do problema. Nada mais.

Trazendo a realidade de Indaiatuba para a realidade de Limeira, a área que conheci naquela cidade assemelha-se ao nosso Parque da Cidade, porém ampliado e com mais opções para a população. Falando em Parque da Cidade, acredito que esse venha a ser o maior legado do governo Felix para Limeira. A área realmente está bem utilizada e a população está realmente satisfeita com a iniciativa. Isso não quer dizer que não poderia estar melhor. Quem sabe essa urbanização em forma de parque poderia se estender por partes do Anel Viário e margens do Tatú. Outro dia uma colega de trabalho sugeriu que nosso alcaide deveria instalar uma concha acústica no Parque da Cidade onde artistas locais poderiam expor seu talento nas tardes de quinta e de sexta e nos finais de semana. Uma mistura de arte e bem estar. Concordo plenamente com ela.

O tempo é curto e passa rápido. Se não pensarmos desde já no bem estar da população estaremos afastando de Limeira inclusive os investidores. Quem instalaria uma grande empresa em uma cidade que não oferece opções de lazer para seus funcionários? Apostar na população é apostar no caminho certo. Pode até ser longo e tortuoso, mas é o certo.

PS: texto publicado na página 2 do Jornal de Limeira do dia 03/12/2009.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Holofotes para o Spot

Recebi um comentário do meu tio Marinho sugerindo que eu escrevesse sobre uma lista de restaurantes “hollywoodianos” que o caderno Paladar, do jornal O Estado de S. Paulo, trouxe na semana passada. Eles visitaram alguns restaurantes que serviram como cenário para filmes ao redor do mundo e opinaram sobre eles. A lista, como não poderia deixar de ser, traz uma relação que “passeia” pelo mundo. França, Espanha, Inglaterra, EUA, Brasil. É, nós também estamos por lá! E o restaurante brasileiro escolhido é o Spot, em São Paulo, o preferido do pessoal do teatro da cidade e antigo conhecido meu.

Como gosto de escrever e de cozinhar, achei a sugestão do Mário pertinente. Claro que aceito patrocínio para eu visitar os demais restaurantes e escrever sobre eles, mas para início o Spot já está de bom tamanho.

Fui apresentado a ele por uma amiga de Limeira, que se mudou para São Paulo um ano depois de mim. O restaurante fica na Ministro Rocha Azevedo, a um quarteirão da Paulista para o lado do Centro. A mãe dessa amiga trabalhou no prédio ao lado e apresentou o restaurante para a família toda. Com cardápio contemporâneo, ambiente clean totalmente envidraçado e atendimento informal, o lugar tem seu charme. Mais do que isso, chama a atenção.

Para um caipira do interior que foi para a capital estudar, a primeira visita ao Spot é um acontecimento. Não há como visitar esse restaurante sem esbarrar com algum global. Não sei como está hoje, pois já faz uns dois anos que não passo por lá, mas o lugar de fato atrai artistas e gente do teatro. E esse público atrai os modernos, pessoal da moda e a galera GLS. Não é o tipo do lugar que eu recomendaria para aquele seu parente xucro, apegado a tradições e cheio de preconceitos.

O Spot não tem nada a ver com Salvador na Bahia e ao mesmo tempo tem tudo. Quando visitei Salvador, voltei dizendo que adorei a cidade, principalmente porque se trata de um lugar para pessoas livres de preconceito. Nesse aspecto o Spot se equivale a Salvador.

Tão receptivo quanto o ambiente é o cardápio. Não vou entrar em detalhes pois ele pode ter se alterado nos últimos tempos mas você deve encontrar por lá uma seleção variada, porém enxuta, de pratos contemporâneos. Uns três tipos de carnes, algumas massas, um ou dois pratos com frango, alguns com peixes, algumas entradas interessantes e por aí vai. Se ainda estiverem por lá, peça o atum fresco com penne ao limão ou o filet mignon ao molho Berneise. Deliciosos!

Os preços também não são exagerados, pelo contrário, são até atrativos se comparados a outros lugares de São Paulo. Se bem me recordo um casal deve investir cerca de R$ 100,00 pelo jantar. Claro, a depender da bebida esse preço pode alterar. E muito! De qualquer maneira eu recomendaria o Spot a um amigo. Pra falar a verdade, me está dando uma vontade de passar por lá mais uma vez. Uma boa pedida para o próximo mês, é o novo show da Bethânia no Teatro Abril, seguido por um jantarzinho entre amigos no Spot. Holofotes para Bethânia, holofotes para o Spot.


PS: a matéria completa do Paladar você encontra no link http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos+paladar,jantares-dignos-de-holywood,3414,0.shtm

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Nem mil palavras

Em cenas como a acima, o cinema consegue atingir emoções que nem mil palavras conseguiriam transmitir. Claro que a ajuda do inspiradíssimo Al Pacino conta bastante.

Não poderia ter sido outra

Para lançar o novo visual do meu blog achei que o mais legal seria escolher uma bonita foto. Já disse no último post, e volto a repetir, que devemos utilizar a fotografia como marco. Marco de aniversários, festas, jantares, encontros, viagens e tudo o mais que nos traga prazer.

E qual foto escolher para ilustrar o primeiro post do novo visual do meu blog? Uma foto do Rio de Janeiro? Do Chico Buarque? Talvez uma de Paris ou de alguma outra cidade linda que já conheci. Quem sabe Istambul? Bem, vejamos...



... é... não poderia ter sido outra!

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

E o realejo diz, que eu serei feliz, sempre feliz!

O povo é sábio. Não sei quem escreveu o samba enredo que dá nome a esse post, mas imagino que deve ter vindo de uma roda de samba, provavelmente da Lapa, onde malandros e sambistas de outrora se juntam a boêmios e sambistas de hoje para animadas composições. De resultado temos pérolas como a que vemos no título.

Porque não acreditar em um realejo? Chico Buarque, há muitos anos disse em uma canção que estava vendendo seu realejo, como algo que já trouxe muita felicidade mas que perdeu sua serventia. Afinal, quem hoje em dia vai acreditar num realejo? Bem, eu acredito. Não no realejo em si que, por imposição das mensagens que os homens colocam em sua gaveta, só traz alegrias. Mas na possibilidade de uma vida mais saudável e feliz.

A rotina, o estresse, os problemas, as contas fazem com que fiquemos cada vez mais bitolados e céticos em relação a perspectivas melhores e a uma vida mais feliz. O ser humano em geral tende a se repetir em suas ações fazendo com que aquela sensação boa de primeira vez fique cada vez mais rara na vida.

Li um texto que recebi por e-mail, provavelmente algo que já rodou por vários lugares e que já está desconfigurado pelas intervenções que vem sofrendo, mas que ainda guarda uma essência interessante. Um texto que, dentre outras coisas, diz que temos que gravar determinados momentos e acontecimentos para que eles se perpetuem na memória. E como fazer isso na prática? Simples, fotografando, compartilhando com amigos, tatuando, pintando o cabelo, escrevendo em um diário. Qualquer coisa que faça com que o momento se perpetue, vai fazer também com que a sensação se perpetue. Não devemos deixar passar em branco marcos de nossa vida.

Acho que vocês já entenderam que esse texto está servindo para um marco pessoal da minha vida. Fazia algum tempo que não publicava nada em meu blog de cunho pessoal, não sei porque. Gosto desse tipo de post, funciona como uma espécie de divã. E acho que ele veio em boa hora já que a partir de domingo meu blog estará na Home Page do portal do Jornal de Limeira.
Bem, ele vai em homenagem a Audrey, a responsável por mais um marco em minha vida. Possivelmente o primeiro de muitos.

PS: o samba em questão no título é de um compositor chamado João Sérgio. Não conheço mas fiz questão de pesquisar e publicar a autoria.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

As últimas de Caetano Veloso, em entrevista exclusiva para o Caderno 2

Cantor e compositor baiano traz de volta a SP o show 'Zii e Zie' e fala sobre Brasil, violência, eleições...

Sonia Racy, de O Estado de S. Paulo


RIO - À exceção de alguns momentos mais incisivos, Caetano Veloso deixou claro, na entrevista ao Estado, semana passada, na sede da Natasha Produções, no Rio, que a maturidade lhe subiu à cabeça. Uma boa sabedoria emerge, fácil, da sua tranquilidade interior. O posicionamento rebelde do início da carreira, que às vezes assumia as cores da esquerda, deu lugar, hoje, a um discurso racional, realista. Que nada tem, no entanto, das desilusões de quem perdeu a esperança - e isso transparece, com força, quando anuncia sua opção pela candidatura de Marina Silva. "Não posso deixar de votar nela. É por demais forte, simbolicamente, para eu não me abalar. Marina é Lula e é Obama ao mesmo tempo. Ela é meio preta, é cabocla, é inteligente como o Obama, não é analfabeta como o Lula, que não sabe falar, é cafona falando, grosseiro. Ela fala bem."

Sobre as mudanças propostas na Lei Rouanet, Caetano se esquiva: " Eu sou daquelas moças... não estudei direito", diz o artista que, na era da tecnologia, não usa sequer o celular, não gosta do Twitter, mas se comunica sempre por e-mail.

E cadê as novas pessoas com a força do talento de um Caetano, um Gil ou Chico? O mundo hoje é de gente pré-fabricada pelo marketing e meios de comunicação? Nada disso. Para Caetano, houve uma mudança tecnológica imensa e também desdobramentos históricos. "Fico me perguntando: aqueles pintores que ficaram famosos, foram mais sagazes em seduzir príncipes ou reis, ou eram mesmo os mais talentosos? Ou foram os que combinaram melhor as duas coisas? Ou os que tiveram a sorte de encontrar um príncipe que gostou deles? A diferença hoje passa por outros canais." E isso é bom ou é ruim? "Nem bom nem ruim, é o que é."

Caetano volta a São Paulo amanhã - por três dias - para seu show Zii e Zie, no Citibank Hall. Que depois, em 2010, transformará em turnê internacional: março pela América Latina, abril nos EUA, julho Europa e talvez Austrália e Ásia em setembro. Só ao final dele é que pensará no futuro de seu futuro. Aqui. trechos da conversa.


Como você vê o Brasil?

Acabei de ler no New York Times que, possivelmente, o Brasil é o País mais importante do mundo para o qual estão voltados todos os olhos do mundo. Não que o artigo todo seja a favor, é até crítico e contra. Mas parte do pressuposto de que o Brasil é um êxito histórico aos olhos deles, estrangeiros, muito maior do que a gente imagina. Partem do pressuposto de que o Brasil é algo grandioso e falam justamente sobre as provas de que o País não superou o que há de horrendo nele. Se referindo à derrubada daquele helicóptero por traficantes no Rio, à violência, e a uma passividade do Brasil em relação às finanças internacionais, como que dizendo que o País deveria liderar uma virada nessa questão.


E você, o que acha?

Sempre achei que o Brasil é um país com destino de grandeza e uma originalidade fatal.


O que é uma "originalidade fatal"?

Somos um país de dimensões continentais, cujo povo fala português nas Américas, com uma população altamente miscigenada... São muitos fatores estranhos... O português é considerado assim o "túmulo de espírito". O próprio padre Antonio Vieira disse isso da língua. No entanto, essas desvantagens apontam para uma originalidade enorme, que a gente pode ou não aproveitar. Então eu gosto, por exemplo, de uma entrevista do (ex-ministro) Mangabeira (Unger) no Estadão sobre a Amazônia, em que ele diz que o Brasil devia fazer dela uma experiência de vanguarda tecnológica e de desbravamento de atitudes com relação ao desenvolvimento sustentável. Uma coisa de grande ambição, experimental. Acho que essas visões é que apontam para a verdadeira vocação do Brasil. É assim que eu penso. E olhe que minha candidata à Presidência é Marina Silva.


Você já escolheu?

Pode botar aí. Não posso deixar de votar nela. É por demais forte, simbolicamente para eu não me abalar. Marina é Lula e é Obama ao mesmo tempo. Ela é meio preta, é uma cabocla, é inteligente como o Obama, não é analfabeta como o Lula que não sabe falar, é cafona falando, grosseiro. Ela fala bem. Mas olha, eu concordo com o Mangabeira sobre a vanguarda tecnológica e o desbravamento. Parece uma contradição? Mas é assim.


Talvez não seja. Em nenhum momento o Mangabeira fala em destruição, em uso não sustentável...

Não sei se a Marina diria dessa forma. E acho que há, sim, uma tensão da posição dela em relação à de Mangabeira, embora ela seja a minha candidata. Se ela for, voto nela, com a esperança de que ela, com sensatez que sempre demonstra, acolha a complexidade da realidade. E, no poder, seja mais pragmática que Lula. E mais elegante, o que já é.


A Marina teria condições de gerir um país deste tamanho?

Acho que ela é muito responsável e muito sensata. Se empenhar as energias para ganhar e se tornar capaz disso, ela levará a sensatez ao ponto de poder gerir. Suponho que agora ela não parece ter essa capacidade, com as coisas como estão.


Serra faria um bom governo?

Pode fazer. O Serra foi um excelente ministro da Saúde. Agora, ele é o tipo do cara que, se tivesse ganho no lugar de Lula, em 2002, teria trazido mais problemas à economia brasileira. Ele teria feito um governo mais à esquerda e a economia talvez tivesse problemas que não está tendo porque o Lula fez a economia de direita. E ouve os conselhos de Delfim Neto, que o Serra não ouviria. O Lula foi mais realista que o rei. Foi bom, a economia deslanchou.


E Dilma?

Não tenho ideia. Ela tem um trabalho de pura gestão, mas sem experiência de poder político direto. Ela nunca foi eleita a coisa nenhuma.


A Marina tem?

Ela tem. Os candidatos são todos de nível bom. Vou falar em Aécio, de quem eu gosto muito. Talvez seja meu favorito entre os gestores. Porque acho que o Serra talvez ficasse mais isolado que o Aécio. E a Dilma talvez ficasse muito presa ao esquema estabelecido de ocupação dos espaços estatais pelo governo do PT.


Qual a função do Estado no processo de desenvolvimento?

Não tenho uma ideia precisa. Simpatizo muito com a tradição liberal inglesa e anglófona. Mas não me identifico plenamente com a ideia de Estado mínimo, de liberdade para as transações.


Antes da crise econômica, você era a favor do Estado mínimo?

Não. Eu tinha uma certa raiva daquela onda de Margaret Thatcher e Ronald Reagan, embora simpatize com o liberalismo de língua inglesa. Sempre me vem à cabeça a ideia de que a Margaret Thatcher estaria dizendo algo do tipo "eu privatizaria o ar, se pudesse..." Acho que ela chegou mesmo a dizer isso, pelo menos corre a lenda a respeito. E quando eu vejo essa gente dizer que a única coisa que deve mover as pessoas é o desejo de lucro tenho vontade de me agarrar em São Francisco de Assis, entendeu?


O Estado tem que mexer na Lei Rouanet?

Não sou muito bom nesse negócio. Sou como umas moças que eram bonitas e apareciam nuas nos filmes, e tinham de ter uma opinião política. Eu sou assim. Não sei se tem que mudar. Fico com pena do leitor de jornal, quando sai assim "a excursão de tal cantora foi recusada", ou "foi aprovada", ou ainda "pode captar". Para música popular, o máximo da captação é 30%. Mas 30 % de quê? O público lá sabe o que é isso? Para música clássica, pode chegar a 100%... Mas repito: eu sou daquelas moças... não estudei direito.


Mas voltando ao Estado brasileiro, ele é eficiente?

Meu pai foi funcionário público, dedicadíssimo à sua função. Embora estatísticas provem o contrário, ele contrariava as estatísticas. Então eu tenho uma ideia de que o serviço público pode ser amado, a pessoa pode dar todo seu sangue àquilo. E que não apenas o lucro capitalista é a única motivação.


O Estado deve ser um regulador...

Justamente, a ideia é essa. Que ele seja o regulador do equilíbrio de forças. Os governos têm de se submeter à lei, para estar representando o Estado.


Mas é o problema: cumpre-se a lei?

Não, muitas vezes não. Mas esse negócio de Estado muito forte não me atrai. Acho que ele tem de ser firme, mas não tem de ser um Estado de força. A lei tem de ser nítida, obedecida por todos, em primeiro lugar por quem manda. Ele não tem de se meter, tem de regular, para criar um equilíbrio. Agora, é preciso saber se os seres humanos têm essa saúde mental para querer que as coisas funcionem assim. A vida é complicada, dolorosa, difícil, as pessoas na verdade vão para atitudes muito irracionais... Sabe quem eu acho que tem o discurso mais interessante sobre como a gente, em coletividade, se comporta e como é complicado ter esperança? Freud. Acho que Freud fala de modo mais interessante sobre possibilidades do homem como ser social, do que os marxistas e do que muitos liberais. Pessoas não podem ter esses poderes enormes.


E o que acha da América Latina? No que ela está se transformando com pessoas que têm esses poderes enormes?

Tem uma recaída num negócio que é tradicional aqui, a figura do líder populista - uma linha demagógica liderada por Hugo Chávez. Mas o interessante é que Lula tem um papel bem diferente disso. Lula é um grande líder populista, mas é mais pragmático - mesmo com essa euforia em que entrou desde a posse até hoje. Ter tido Fernando Henrique e Lula em seguida é um luxo. Saíram melhor que a encomenda, ambos.


O Rio tem um desafio, de se pôr em ordem até 2016. Vai dar?

Ele tem de conseguir alguma coisa. Eu li na semana passada, no The Economist, que um dos agravantes para o Rio é o relativo igualitarismo da economia do tráfico. A revista não dá ênfase à derrubada do helicóptero, falam é da economia do tráfico. Que os drug lords do Rio não têm aquela vida de carrões, dinheiro, mulheres... diferentemente do resto da sociedade, onde as diferenças são abissais. A gente devia atentar pra isso.


Algum dia pensou em se mudar?

Não, nunca.


A violência o assusta?

Sempre assusta, até em filmes. Mas não vivo com medo.


As pessoas perderam a capacidade de se indignar?

Não acredito muito nisso. Hoje as pessoas aceitam a violência, o Congresso com essa corrupção toda... O povo não é tolo assim. Hoje há mais exposição dessas coisas. . Então não é que as coisas mudaram, é que elas vieram à tona. Suponho que o povo percebe. Passei um ano no Rio e vi como eram as coisas, não se pode dizer que era melhor. E não se falava muito do assunto. Ele apenas veio à tona. Mas olha, vir à tona é uma melhoria.


Como você se relaciona com a tecnologia?

Sou um pouco parcimonioso. Por exemplo, não tenho celular. Nunca tive. Vivo como se estivesse em 1957. Sei que o celular veio bem depois, mas eu ajo com relação a isso como se fosse 1957. Escolhi esse ano porque é um ano que eu gosto.


E o Twitter?

Twitter não. Eu gosto muito de e-mail.


Caetano Veloso. Citibank Hall (1.450 lug.). Av. Jamaris, 213, 2846-6000. 6.ª e sáb., 22 h; dom., 20 h. R$ 80/ R$ 170

Na marca do pênalti

Nos últimos tempos temos visto bastante a imprensa nacional e internacional falar em BRIC. Essa sigla é utilizada, em grosso modo, quando se faz referência aos quatro principais países emergentes do mundo: Brasil, Rússia, Índia e China. Quando falamos em “emergentes” lembramos de dinheiro e dinheiro nos lembra desenvolvimento. Na minha opinião um país emergente, ou em desenvolvimento, pode ser comparado a um time de futebol onde todos trabalham para o gol.

O Brasil é um dos países que está com a bola na marca do pênalti. Falta o atacante chutar e a bola entrar. É certo que para ele chegar a marca do pênalti precisou da ajuda de toda a torcida, digo, de toda a população. E essa ajuda temos dado com certo louvor. O povo brasileiro é alegre e festeiro, mas já provou saber o que fazer na hora que é preciso. Agora, cabe a nós, nos abraçarmos e assistirmos de camarote ao gol de nossos atacantes.

Não seria justo depositarmos toda essa esperança e responsabilidade sobre o executivo, nas figuras dos prefeitos, governadores e presidente. Precisamos, e vamos precisar cada vez mais, de nossos vereadores, deputados e senadores. E esse é o ponto mais delicado.

Frequentemente investimos maior tempo na escolha de nossos candidatos ao executivo e deixamos os do legislativo para segundo plano. Esquecemos da importância que carrega uma pessoa que representa toda uma comunidade e tem a responsabilidade de propor soluções de melhoria que afetarão, sem dúvida, a todos. Mas sempre é tempo de uma revisão. Ano que vem teremos eleições para deputados estaduais e federais, senadores, governadores e presidente. Desde já proponho uma análise crítica aos pré-candidatos no sentido de avaliar a competência dessas pessoas a frente de uma nação. Seria como escolher o jogador certo para bater o pênalti.

Essa história de BRIC não vem de hoje e não deve terminar amanhã. Para nossa sorte, a cobrança do pênalti em questão leva um pouco mais de tempo do que a de um pênalti em um clássico do brasileirão. A escolha das pessoas certas para as posições certas fará com que o Brasil passe a crescer ainda mais, talvez ultrapassando a China e a Índia que hoje são os países com o desenvolvimento mais acelerado do planeta.

Em nossa região o cenário é bem parecido. Os números dão indícios de que teremos um ótimo quarto trimestre, o que trará certa recuperação em relação as perdas dos primeiros três trimestres. Já temos alguns políticos se pré-candidatando a deputados estaduais e federais, homens e mulheres que estão pedindo a bola para fazer o gol. Diferente do jogo de futebol, onde a torcida tem pouca influência na escolha do cobrador oficial de pênaltis, na democracia é a população que escolhe, através do voto, seus jogadores favoritos. Dessa maneira, o que nos cabe, é fazer a nossa parte escolhendo com consciência as pessoas certas.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

70 anos em 7



Achei muito interessante o comentário que um colega de trabalho fez comigo. Citou uma padaria dizendo que aquela sim era boa, pois não tinha fila. Na sequencia outro colega emendou: não tem fila porque é suja. Pronto. Estava explicada a ausência da fila no estabelecimento.

Lugar bom atrai movimento, movimento atrai investimento, investimento atrai desenvolvimento. Digo isso para chegar ao assunto do momento, a Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016. Li ontem um artigo do Mario Persona – e não é porque ele é meu tio que achei o artigo excelente! - , dizendo que apesar de ele não gostar de Olimpíadas, se emocionou com o anúncio dos jogos. Poucos não se emocionaram. A vinda da Copa em 2014 e das Olimpíadas em 2016 abre a oportunidade para o Brasil se mostrar ao mundo. Paris é a capital da França. Paris é uma das cidades mais importantes da Europa. Paris é o maior destino turístico do planeta. Agora imagine a exposição que a Torre Eifel, principal ponto turístico da cidade tem. É em algo maior do que isso que o Brasil vai se transformar nos próximos anos.

Trata-se de uma oportunidade única na história e que não é oferecida para muitos. Apenas por três vezes um país abrigou os dois eventos esportivos mais importantes do mundo num espaço de tempo tão curto. Tanta exposição pode transportar o Brasil definitivamente para o futuro. Talvez não seja muito falarmos em 70 anos em 7, referenciando o tão batido jargão da campanha de Juscelino Kubitscheck.

Claro que não sou ingênuo a ponto de tapar o sol com a peneira e não enxergar o grande fluxo de problemas que essa escolha traz em seu rastro. Sei que muitas questões sociais estarão sendo deixadas em segundo plano e sei também que o maior cofre para desvio de verbas é a construção civil, que estará intensificada em todas as cidades que abrigarão jogos da Copa e, principalmente, no Rio. Porém, mais uma vez, vou com Mario Persona. No final de seu artigo ele cita que se fosse mais jovem, na época da faculdade, talvez estivesse engrossando o coro dos que vêem mais problemas do que soluções na vinda da Copa e das Olimpíadas. Mas, por ter crescido, prefere ver os eventos pelo lado positivo. Eu também.

Além da vitrine na qual as cidades que receberão os jogos estarão expostas, todo o país deve passar por um momento de pujança e desenvolvimento. Quem vai querer ficar para trás? Até eu, que nunca fui de praticar esportes, resolvi tomar meu rumo e me matriculei em aulas de tênis! Espero que Limeira se inspire um pouco no que vai acontecer a sua volta e entre definitivamente no rumo certo, o rumo do desenvolvimento.

Rio oferece R$ 3 milhões para ser cenário de filme de Woody Allen

FÁBIO GRELLET
da Folha de S.Paulo, no Rio

A Prefeitura e o Estado do Rio ofereceram R$ 3 milhões à equipe do cineasta norte-americano Woody Allen para que a capital fluminense seja cenário de seu próximo filme. As duas administrações pretendem ser coprodutoras, assumindo responsabilidade solidária sobre o lucro ou o prejuízo obtido pela filmagem.

Dois produtores da equipe de Allen --a irmã dele, Letty Aronson, e Stephen Tenembaum-- chegaram ao Rio anteontem para discutir o projeto e visitar eventuais locações. Anteontem, eles se reuniram com o governador Sérgio Cabral (PMDB), o prefeito Eduardo Paes (PMDB) e seus respectivos secretários de Cultura. A decisão caberá ao cineasta e pode demorar até três meses.

Antes de chegar ao Rio, os produtores estiveram em São Paulo, onde passaram dois dias. "As negociações com o Rio só começaram e por enquanto não há nada decidido. Mas vamos fazer o que for possível para convencê-los a vir para cá", afirmou a secretária estadual de Cultura, Adriana Rattes, que calcula em US$ 30 milhões (cerca de R$ 52,5 milhões) o orçamento total do filme.

Para conhecer eventuais locações, a dupla de produtores já esteve no Jardim Botânico, na zona sul, e no bairro da Tijuca, na zona norte.

Roteiro e elenco não começaram a ser discutidos. A intenção da prefeitura e do Estado é que Allen explore as paisagens do Rio como fez com a cidade espanhola de Barcelona no filme "Vicky Cristina Barcelona" (2008).

Nota do autor do blog: Conforme eu já havia informado aqui.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Being more David!


Chegou a hora de ser um pouco mais David. Pra quem não conhece, David Ogilvy foi o fundador de uma das mais importantes e influentes agências de propaganda do mundo, a Ogilvy&Mather. Fez história com campanhas inesquecíveis que influenciaram o dia a dia de toda a sociedade onde eram veiculadas.

Ainda hoje, 10 anos após sua morte, a Ogilvy é sinônimo de criatividade, ousadia e boa comunicação. Por ocasião desses 10 anos sem David, todo o site da agência, assim como os prédios onde ela está instalada, estão com uma campanha que provoca a todos para serem “more David”. Ser “more David” é ser mais ousado, mais criativo, ter mais atitude.

Em recente bate papo com um dos diretores de mídia da agência, essa cobrança por atitude foi muito comentada. É extremamente difícil encontrarmos profissionais com atitude nos dias de hoje. Com a facilidade e o acesso ao ensino, muita gente tem cursos, workshops, palestras, pós graduações, etc. Muito conhecimento. Pouca atitude. Pouca ousadia.

Vamos voltar ao David. Em 1948, fundou em Nova Iorque a agência de publicidade Ogilvy, Benson & Mather, com o suporte financeiro da agência londrina Mather & Crowther. Trinta e três anos depois, enviou o seguinte memorando a um dos seus sócios:

“Alguma agência irá contratar este homem? Ele tem 38 anos, está desempregado. Foi expulso do colégio. Foi cozinheiro, vendedor, diplomata e fazendeiro. Não sabe nada de marketing e nunca sequer escreveu um texto de publicidade. Diz estar interessado em iniciar a carreira de publicitário (aos 38 anos!) e está pronto para trabalhar por US$ 5.000 por ano. Duvido que alguma agência americana o contrate. Contudo, uma agência de Londres acabou realmente por contratá-lo. Três anos depois, tornou-se no mais famoso redator publicitário do mundo e, neste momento, possui a 10ª maior agência de publicidade a nível mundial. Moral da história: algumas vezes, esta é a recompensa por uma agência ser tão criativa e não ortodoxa ao contratar pessoas. D.O.”

Claro que ele estava se referindo a ele próprio no memorando. Uma questão de atitude. Também foi uma questão de atitude o que me motivou a escrever esse post. Só que minha. Chegou a hora de ser “more David”. De mostrar a cara. De encarar novos desafios.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Mas quem será Lilian?

O Jornal Nacional da TV Globo está completando 40 anos. Já vínhamos observando homenagens diárias às afiliadas da TV ao longo do ano, mas para essa semana o JN preparou uma sequencia de reportagens especiais lembrando os 40 anos de história sob a ótica de diferentes temas: esportes, tecnologia, ciências, etc.

A história de um telejornal tão importante quanto o JN confunde-se com a história do povo brasileiro. Quem não se emocionou na segunda-feira revendo as maiores conquistas brasileiras no esporte? Senna, Guga, Scheidt, as meninas e os meninos do vôlei, a seleção de futebol, Daiane dos Santos. Todos esses e muitos outros estavam lá em imagens inesquecíveis.

Na terça-feira, ao lembrar dos 40 anos sob a ótica da tecnologia, Limeira estava presente. Em meio as lembranças dos avanços tecnológicos mais importante dos últimos 40 anos, como a chegada do álcool as bombas de combustível, a telefonia móvel, a jornada do astronauta brasileiro ao espaço, a chegada do homem a lua, a entrada dos computadores no dia a dia da população, nossa cidade foi lembrada.

Quem não viu a matéria, deve estar pensando qual foi o feito que nos colocou em reportagem especial tão importante. Terá sido uma das nossas indústrias? Seriam as inovações nas plantações de laranjas de outrora? Ou algum avanço importante no ramo de folheados a ouro? Não, nada disso. O que nos transportou para lá foi o celular. Isso mesmo, o celular!

Uma das entrevistadas do programa, que já deve passar dos seus 80 anos, comentou a respeito da grande inovação que faz com que um pequeno aparelho sem fios conecte pessoas tão distantes, assim como ela e sua filha, Lilian, que mora em Limeira. Pronto, nosso minuto de fama na semana comemorativa do JN está gravado na memória do povo brasileiro. Limeira estava lá, ao lado da Lua, no dia da tecnologia!

Temos que agradecer a Lilian que, imagino, não seja limeirense mas acabou vindo para cá por algum motivo. Quem diria que essa vinda colocaria Limeira em horário nobre na Globo, desbancando fatos importantes de nossa história recente. Fatos importantes? Mas quais? Fica aqui a dica para os leitores fazerem um exercício de memória e recordarem dos acontecimentos de nossa cidade que mereceriam estar na semana comemorativa do Jornal Nacional. Quem sabe alguém acerta na mosca e o tema é abordado em uma das últimas reportagens da série. Tomara.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Mais do mesmo

Vivemos em um país apaixonado por futebol. Os campeonatos estaduais, o brasileirão, a Libertadores, a Copa do Mundo. Ah, a Copa do Mundo! O país inteiro aguarda ansiosamente para ver uma seleção de craques, eleitos pela comissão técnica após criteriosa análise por todos os torneios mundiais, entrar em campo e representar a nação com garra e habilidade. No final, o que todos queremos, é que o Brasil seja campeão.

Mas nem sempre é assim. Tenho 30 anos e já passei por sete campeonatos mundiais. Dois deles conquistados pelo Brasil. Vitória da equipe, de talentos individuais, da comissão técnica e do povo. Outros perdemos mas, em quase todos, lutamos com garra, atletas e torcida unidos em prol de um objetivo que nos escapou pelas mãos. Em minha opinião, a única exceção foi a Copa de 2006.

Naquele ano tínhamos uma seleção estelar. O famoso quadrado mágico, formado por quatro dos melhores do mundo, era a esperança óbvia de um final feliz. Já nos primeiros jogos a magia do quadrado se desfez. Aos trancos e barrancos fomos avançando, apoiados em nossa história e empurrados pela torcida. Mas o time francês, carrasco de outros tempos, voltou a nos assombrar ao nos eliminar nas quartas-de-final. No momento do gol do adversário, Roberto Carlos virou as costas para o Brasil ao ajeitar sua meia. O país todo guardou aquela imagem como a derradeira, de uma seleção que se apagou.

No final de agosto, no planalto central, outra estrela se apagou. No momento em que o PT, partido que sempre se posicionou como a opção para as velhas lideranças, votou pelo arquivamento das denúncias contra José Sarney (PMDB) no senado, toda uma história de lutas e conquistas foi colocada em cheque. O partido se rachou a ponto de petistas “famosos” renunciarem e Aloísio Mercadante anunciar publicamente que deixaria a liderança do partido no senado para lutar pelo “PT que ele acredita”. Não chegou a tanto. Mas ainda assim deixou a dúvida: será que esse “PT que ele acredita” ainda existe?

Nas últimas eleições presidenciais, unindo-se ao PMDB, o Partido dos Trabalhadores demonstrou fraqueza. Agora, a palavra “fraqueza” já está fraca para ilustrar o novo episódio. Em busca de apoio para a sucessão presidencial de 2010, o PT abre mão de sua ética e moralidade. Já não se pode mais olhar para a estrela vermelha e branca e tê-la como opção de mudança. A estrela hoje, representa apenas mais do mesmo.

Resta saber se esse ato do PT vai ficar na memória da população como o derradeiro de um partido que um dia apontou com propostas inovadoras. A estrela do PT vai precisar de força e tempo para voltar a brilhar na cabeça da população, assim como a da seleção brasileira que, apenas três anos depois, aponta com algum brilho.

>> Texto publicado na coluna Opinião (Página 2) do Jornal de Limeira de 27/08/2009.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Xô preconceito! We are Salvador.


O avião é uma invenção maravilhosa. Como um veículo de transporte é capaz de nos levar em poucas horas de uma realidade para a outra? Pegar um avião em Viracópos, região industrializada que chegou a ser comparada ao Vale do Silício na Califórnia e, em menos de duas horas, pousar em terras soteropolitanas pode ser comparado a uma viagem de pelo tempo.

Claro que a comparação está mais relacionada aos aspectos culturais e econômicos do que propriamente ao tempo. Nós, acostumados a industrialização e a rigidez do eixo Campinas-São Paulo, muitas vezes não entendemos lugares como Salvador. Na minha opinião, Salvador é uma cidade singular que consegue uma mistura ímpar de crenças, raças, ritmos, cores e sabores cuja visita deveria ser obrigatória a qualquer brasileiro. Passear no Pelourinho, subir e descer pelo Elevador Lacerda ou passar uma tarde em Itapuã é algo que nos coloca em contato com uma cultura completamente diferente e extravagante. Uma aula de aceitação.

Em Salvador, pensar em preconceito está proibido. Terreiros misturam-se com igrejas, negros e brancos do Brasil misturam-se a europeus, vatapás e acarajés misturam-se aos fast food. Esse misto é o que faz de Salvador uma cidade única.

Falando em Salvador, mistura e Elevador Lacerda é impossível não lembrar de cidade alta e cidade baixa. E saindo do Elevador Lacerda na cidade baixa a dica é percorrer cerca de 200 metros a esquerda e entrar no restaurante Trapiche da Adelaide.

O restaurante estrelado pelo Guia 4 Rodas, que teve em seu início o cardápio criado pelo chef Claude Troisgros, fica em um galpão as margens da Baía de Todos os Santos. Uma grande parede de vidro voltada para a baía faz com que os habitués sintam-se almoçando em um iate. Ou mais que isso! Nesse clima, com esse cardápio, a dica é o Camarão gigante puxado na mostarda Dijon. O atual chef, Joelson Peixinho, não me passou a receita, mas eu, cozinheiro de final de semana que sou, tentei adivinhar. E consegui algo bem parecido. Vale a pena arriscar.


Camarão gigante puxado na mostarda Dijon

Ingredientes:
1,2 kg de camarões grandes
2 colheres de sopa de mostarda Dijon
200gr de damasco seco bem picados
2 fatias de abacaxi bem picadas
Cerca de 1 xícara de lâminas de amêndoas torradas
1 cebola bem picada
3 dentes de alho espremidos
3 colheres de azeite extra virgem
Sal a gosto
Pimenta do reino a gosto

Modo de preparo:
Em uma panela de fundo grosso, doure a cebola e o alho no azeite. Junte os camarões já misturados ao sal e a pimenta do reino e cozinhe até que estejam quase no ponto. Cerca de 2 minutos antes de apagar o fogo, acrescente o damasco, o abacaxi e a mostarda Dijon. Deixe cozinhando por dois minutos e está pronto. Sirva salpicado com as amêndoas e acompanhado de arroz branco.
Se preferir o prato mais cremoso, incorpore aos poucos cerca de uma colher de sobremesa de farinha de trigo passada na peneira. Isso vai depender do tipo e do tamanho de abacaxi que você usar na receita.

Bom apetite!


Serviço:
Trapiche da Adelaide
Av. Contorno/Pça. dos Tupinambás, 2 (Comércio) (Cid. Baixa) – Salvador – BA
tel: (71) 3326-2211

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Entre palavras e panelas

Hoje estreei uma coluna na página 2 do Jornal de Limeira. A página 2, ou outra logo no início de um jornal, é reservada para os colunistas, articuladores, repórteres e, principalmente, editores e os próprios jornais expressarem sua opinião em relação a assuntos pertinentes e que influenciem o dia a dia da população onde o diário circule. É a página do Editorial do jornal.

Tive meu primeiro momento de “jornalista” há anos. Escrevi por um ano uma coluna jovem na revista Expressão Regional. Após isso, textos isolados, alguns roteiros publicitários e de TV e o embrião do que um dia quero transformar em um livro. O que tenho de mais sólido no momento é meu blog.

Adoro meu blog, mas sei de suas limitações. Não o divulgo em lugar algum e sei que apenas o boca a boca que faço com meus amigos não é suficiente para torná-lo um “best reader”. Já a página 2 de um diário oferece outras possibilidades. Esse é, sem dúvida, o primeiro passo de uma longa jornada. A cada dia tenho mais certeza que meu destino estará entre as palavras e as panelas. Adoro escrever e adoro cozinhar. Já faço as duas coisas, porém não profissionalmente.

De qualquer maneira, este post é para agradecer ao Carlos Chinellato e ao Jornal de Limeira pelo convite. Talvez eu devesse ter feito isso no início do meu primeiro texto publicado hoje, mas a ansiedade e a vontade de escrever fizeram com que todo o espaço fosse tomado por minhas idéias. Fico muito feliz em compartilhar as páginas com nomes já consagrados em nossa cidade e na região como o do próprio Carlos Chinellato, Renata Caran, Nani Camargo e Cristiano Kock Vitta. Isso só para citar os mais próximos.

Espero escrever ainda muita coisa legal no jornal e em muitos outros lugares. De momento: valeu galera!

Para ti, para mim e para todos

Paraty, no litoral sul do Rio de Janeiro, está realmente na moda. Não foi sempre assim. A história da cidade é um sobe e desce de circunstâncias que de tempos em tempos a tornam mais ou menos importante para o Brasil.

Logo no século XVII, Paraty virou sinônimo de riqueza, pois servia de despedida para os navios carregados do ouro vindo principalmente das Minas Gerais. O famoso “Caminho do Ouro” era o percurso percorrido pelos extratores que levavam as riquezas do Brasil para a Europa.

Com a decadência da extração o ouro, Paraty foi perdendo sua importância econômica e voltando ao esquecimento. Foi assim por anos. Teve uma breve sinalização de renascimento econômico no clico do café mas, com a chegada das estradas de ferro e o fim da escravidão, Paraty volta a estagnação ficando com apenas cerca de 600 habitantes, dos mais de 16 mil de outrora.

Hoje Paraty voltou a ficar na moda. A distância e o “esquecimento” fizeram com que a cidade conservasse um clima único no Brasil, talvez no mundo. Ruas calçadas a pedra quase bruta, casarões e igrejas que nos remetem a séculos passados. Uma mistura do novo e do velho capaz de juntar europeus abastados a novos hippies. Nesse ambiente de nostalgia floresce cada vez mais o improvável. A cada ano vemos Paraty inventando formas de atrair, por que não, multidões.

Chico Buarque, na última Flip – Festa Literária Internacional de Paraty –, admitiu que tomou dois calmantes para conseguir lidar com o assédio do povo. Oras, se Chico Buarque, homem acostumado a multidões, admitiu uma fraqueza como essas em Paraty, já podemos incluí-la em listas de cidades que são sinônimos de arte moderna, como é o caso de Nova York ou arquitetura, como Barcelona. Paraty hoje é sinônimo mundial sim. E de literatura.

E qual será a fórmula do sucesso de Paraty? Em minha opinião, um misto de circunstâncias e criatividade. Colocam-se as pessoas certas no lugar certo e temos um novo modelo de turismo e sucesso. Um modelo a ser copiado. Não, não. Não estou sugerindo que Limeira copie Paraty e passe a investir em turismo. Mas podemos sim pensar melhor em nós mesmos.

Sem exageros, Limeira tem uma posição privilegiada em relação a maioria das cidades industrializadas do mundo. Estamos em um dos quatro países que mais crescerão nas próximas décadas. Estamos ladeados de três das mais importantes rodovias do país. Estamos a poucos minutos do aeroporto que será o maior aeroporto de carga do país. Está na hora dos governantes e, principalmente nós, o povo, darmos a real importância que nossa cidade merece e nos colocarmos de uma vez por todas no mapa do desenvolvimento do Brasil. É desenvolvimento para ti, para mim e para todos.

>> Texto publicado na coluna Opinião (Página 2) do Jornal de Limeira de 13/8/2009.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Chico

Até hoje tudo o que eu escrevi aqui sobre Chico Buarque foi referencial. Em muitos textos cito o Chico ou uma de suas músicas para ilustrar passagens e situações que se relacionam perfeitamente com as palavras ditas pelo meu grande ídolo.

Isso mesmo, ele é o meu ídolo máximo. Aprendi a gostar da sua voz delicada, do seu jeito minimalista e principalmente, do seu texto ao mesmo tempo simples e complexo. O cara consegue passar para o papel o sentimento mais profundo da maneira mais simples. Ou então ilustrar a situação mais corriqueira de maneira totalmente nova. Uma habilidade em lidar com palavras como nunca vi.

O nome de Chico desperta alegria e traz referências de coisas boas praticamente em todos os lugares onde é citado. Ele é uma das estrelas da Flip desse ano. Seu livro novo já é “best seller” e o filme inspirado em Budapeste está na boca de todos. Isso só para falar em acontecimentos recentes.

Maria Bethânia, em seu show Maricotinha, considerado por uma importante publicação internacional sobre música como o melhor show gravado ao vivo até então, diz em um texto sobre São Paulo que o Chico foi o que de mais importante lhe aconteceu na cidade. Claro que ela se referia a “suas lindas canções e seus olhos cor do mar”.

Ainda falando em Bethânia, no show “Tempo, tempo, tempo” ela interpreta maravilhosamente bem o Samba da Benção de Vinícius de Moraes e Baden Powell esparramando bênçãos entre os mais ilustres cantores e compositores de nosso país. Nomes como o dos próprios Vinícius e Baden, Tom Jobim, Caetano, Gil e diversos outros. A platéia explode mesmo quando a cantora cita Chico Buarque de Holanda. Um momento de arrepiar.

As músicas do Chico trazem referências importantes para mim e para todos. Quem já não se sentiu “a toa na vida, vendo a banda passar”? Se eu começar a citar trechos conhecidos de canções dele vou ter que solicitar mais espaço ao meu provedor de acesso. É muita coisa. Já citei aqui que é muito difícil ter uma novela da Globo que não traga algo dele. Algumas vezes no original e outras em gravações atuais.

Um compositor ímpar, uma habilidade de articular palavras sem igual e o dom de passear livremente entre todas as classes sociais e intelectuais fazem dele, em minha opinião, o maior artista de sua geração.

Pra encerrar, vou citar um “causo” interessante que circula a aura do artista. Passado algum tempo da eleição de Fernando Henrique Cardoso, Chico compôs a música Injuriado. Muitos juravam que a música foi feita em “homenagem” a FHC, a quem Chico já havia apoiado em anos atrás antes de passar a apoiar a Lula. Diziam que Fernando Henrique havia injuriado Chico por causa da mudança de apoio a agora ele estava cantando a resposta. Quando questionado sobre a possibilidade Chico apenas perguntou se achavam que ele investiria tempo compondo para FHC.


Vejam a letra e tirem suas conclusões!

“Se eu só lhe fizesse o bem
Talvez fosse um vício a mais
Você me teria desprezo por fim
Porém não fui tão imprudente
E agora não há francamente
Motivo pra você me injuriar assim

Dinheiro não lhe emprestei
Favores nunca lhe fiz
Não alimentei o seu gênio ruim
Você nada está me devendo
Por isso, meu bem, não entendo
Porque anda agora falando de mim”


PS: como é difícil de escrever algo bom sobre uma pessoa a quem admiramos tanto. Nem preciso falar que não gostei tanto desse texto mas, de certa maneira, ele completa meu blog que estava carente de Chico.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

O primeiro grande passo

Estou de volta. Saí em férias por alguns dias. No retorno ficou mais do que comprovado o que eu já imaginava: 15 dias foi muito pouco! As coisas continuam iguais, os problemas os mesmos. Mas eu estou realmente feliz e satisfeito em estar de volta.

Um dos motivos é que ontem tivemos o primeiro capítulo realmente importante em busca da maior profissionalização do segmento de comunicação em nossa cidade e na região próxima. Em uma assembléia no Jornal de Limeira foi fundada a APP Limeira, foram eleitos o Conselho Administrativo e a Diretoria Executiva. Não vou anunciar os nomes para não estragar a surpresa!

De qualquer maneira, esse passo é realmente importante. As conversas começaram ainda no final do ano passado, alguns dos publicitários mais reconhecidos da cidade e região se reuniram, discutiram o que seria importante fazer e a melhor maneira de chegar lá e os grupos de trabalho foram ajudando da melhor maneira possível até batermos o martelo na eleição de ontem.

Fico extremamente feliz em ter participado desse capítulo. Fico extremamente feliz em ver que um segmento tão desunido até um ano atrás está se mobilizando em prol do bem comum. Fico extremamente feliz porque sinto que dessa vez temos tudo para acertar.

Há algum tempo publiquei aqui mesmo em meu blog um “cutucão” para a galera que se mobilizava para criar a APP Limeira. Em outras palavras, opinei que não seriam com reuniões de diretores e egos que a APP chegaria lá. Mantenho minha opinião. Agora, mais do que nunca, chegou a hora de colocar a mão na massa. Me incluo nessa critica. Precisamos pensar um pouco mais com a cabeça da APP para que ela se torne referência de boa publicidade e boa gestão no Brasil. Ela precisa abraçar agências, profissionais, fornecedores, mídias, instituições de ensino e estudantes.

Ontem uma colega de APP disse que havia lido esse post sobre o “cutucão” em meu blog. Fiquei muito contente com isso. O blog está aqui para expressar o que penso e sinto. É legal ver que as pessoas com quem convivo estão ligadas em minhas opiniões.

Quanto a APP agora é o momento para o segundo grande passo: o lançamento oficial da associação e a divulgação para a sociedade em geral. Claro, estarei por aqui ajudando no que for preciso.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Tristeza não tem fim. Felicidade sim.

Sinto que um ciclo está se fechando. Pelo menos por ora. Comecei há dois anos e meio a lecionar para o curso de Publicidade e Propaganda da Faculdade Anhanguera de Limeira. Já disse e repito que tem sido uma das experiências mais gratificantes da minha vida. O contato com os alunos, ainda que não sejam tão mais jovens do que eu, me rejuvenesce.

Encerrei o ano passado como paraninfo da primeira turma de formandos de PP da faculdade. Em outros posts já comentei sobre isso. Levo essa experiência para o resto da minha vida! Certamente meus netos escutarão essa história por diversas vezes.

Mas hoje quero falar sobre a turma de PP para a qual estou lecionando há dois semestres. Eles são formidáveis! Na segunda-feira, percebi uma mobilização na classe para um tal “Mega Evento - Festa no Bosque”. Claro que se tratando de futuros publicitários não poderia esperar outra coisa. Prepararam um churrasco com direito a música, cerveja gelada e muita animação em pleno bosque.

Não estamos na Europa e você deve estar se perguntando: que bosque é esse que está em Limeira e ninguém vê? Vai aqui uma aula de planejamento e percepção de possibilidades. A galera percebeu que o “buraco” cheio de mato que tem entre a faculdade e a Av. Comendador Agostinho Prada serviria perfeitamente para o Mega Evento.

Alguns ajustes aqui e ali, uma boa dose de responsabilidade ambiental e uma alegria incomparável. Está pronta a festa. Rolou dança, risadas, parabéns para você, fotos e mais fotos e uma enxurrada de boas recordações para todos.

É, felicidade realmente tem fim. Gostaria de acompanhar como professor o caminho desse pessoal até a formatura. Porém outros projetos me fazem “abandoná-los” no próximo semestre. Ainda assim, tenho certeza que vou topar com muitos deles ao longo da vida. Alguns deles inclusive eu já conhecia antes das aulas.

Pra quem ficou com vontade a turma promete um novo Mega Evento, com direito a outdoor de divulgação. Provavelmente o cenário vai ser o mesmo, o já lendário Bosque da FAC. Quem viver verá!


PS1: a Laís ficou de me mandar uma foto para ilustrar o post e o Anderson de fazer um logo para o Mega Evento. Até agora os dois furaram. A ressaca do bosque deve estar brava!

PS2: Demoraram um pouco mas cumpriram o prometido! Agora o post está completo.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Bem-vindo aos 30!

A chegada aos 30 sempre causa um certo alvoroço. Principalmente nas pessoas que estão ao nosso redor que já começam com as piadinhas e brincadeiras um bom tempo antes. Se me perguntassem há um ano ou mais, diria que amanhã estaria fazendo 25 anos. Não, não vou fazer 25. Na verdade vou fazer 30, mas “roubo” essa brincadeirinha do meu irmão mais velho que já está com mais 36, mas continua afirmando ter 25!

Esse final de semana saí com uma amiga muito querida, também na beira dos 30. Ela disse que na quinta, véspera de feriado, resolveu de sopetão ir ao cinema e acabou fazendo isso sozinha. Chegou a sala e viu que lá estavam poucas pessoas, dentre elas dois adolescentes que não pararam um só minuto de perturbar a pessoas fazendo barulho.

Ao final do filme, num ímpeto de Ágata Christie, minha amiga perseguiu os garotos. Seu sexto sentido feminino alertava que eles deveriam estar ali para alguma travessura. Ao entrarem no banheiro masculino, nossa investigadora de final de semana ficou na porta do feminino, fingindo arrumar o cabelo, amarrar o tênis e outras coisinhas que todos fazemos a todos os instantes e que não levantam suspeita.

Ao saírem do banheiro, os dois fiscalizaram os passantes, certificaram-se de que ninguém estava na espreita, e rumaram para uma outra sala de cinema... Sem pagar pelo ticket! Foi a chance de nossa heroína pegar os meliantes no flagrante. Focou no oficial, digo lanterninha, mais próximo e cumpriu sua obrigação. Denunciou os dois que foram pegos e expulsos da cena do crime no ato. Saiu satisfeita.

Passando pela praça de alimentação do shopping, viu a gangue toda tomando sorvete de casquinha do McDonalds. Impunes. Sorridentes. Ficou um pouco apreensiva ao perceber que os delinqüentes a reconheceram. Ficou mais apreensiva ainda ao constatar que eles nem deram bola para o seu feito. Voltou para a casa feliz com o dever cumprido e com uma boa história para contar.

Na ora que ouvi esse relato pensei logo em meu blog. Na semana dos 30, uma amiga de quase 30, me conta uma história que, sem dúvida, não me contaria aos 20. Aos 20 nós estaríamos na véspera do feriado na casa de alguém da turma bebendo e se divertindo antes de “pegar uma balada”. Mas não sei se naquela época as histórias eram tão boas quanto essa!

Gosto muito dessa amiga e, mais uma vez, tive um ótimo final de semana. Ela é uma pessoa especial. Além de linda, tem um papo legal e é super carismática. Escrevendo o post lembrei de outra história legal que passamos juntos. Há pelo menos 13 anos, dançamos “travestilha” juntos em nosso colégio. Hilário! Mas isso já é outra história...

Por hora volto a dura realidade da chegada aos 30. Mas será que é tão dura assim? Depois que eu adentrar de fato na nova idade volto a postar sobre isso. Até lá!

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Entre dois mundos

Ando apaixonado por Istambul. Um lugar que é a porta de entrada do oriente, para nós, e do ocidente, para eles. Uma cidade com quase três milênios que já foi uma das mais importantes do planeta. Uma ponte entre religiões, culturas e raças. Um espetáculo de história e da história.

Em imagens, da para se ter uma idéia do que Istambul represente!


Estreito de Bósforo, que liga Ocidente a Oriente.

Duas pontes ligam os dois lados do planeta Terra.

Santa Sophia: ex-igreja, ex-mesquita e atual museu.

Vista externa da Santa Sophia.

Vai um café?

Palácio Topkapi

Interior da Mesquita Azul.

Mais de 4 mil lojas em um dos maiores mercados do mundo.

Uma festa de aromas, cores e sabores.

Cerâmica turca.

Fonte: fotos http://interata.squarespace.com/.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

De todas as maneiras

O ser humano tem uma capacidade incrível de adaptação. Nos adaptamos ao amor, as amizades, aos compromissos, ao trabalho, as aulas, aos parentes e a tudo aquilo o que faz parte de nosso dia a dia.

Na verdade, acredito que a gente se acostume a isso. E como é complicado quando precisamos – ou queremos! – mudar tudo isso. O ser humano se adapta tanto a um “estilo de vida” que impõe diversas barreiras para não mudar, ainda que a olhos vistos essas mudanças sejam para melhor.

Estive nos últimos dois meses me esforçando para promover algumas mudanças em minha vida. Não é fácil, mas é necessário. Acho que estou no caminho certo. Estou me forçando a voltar a freqüentar lugares que eu não freqüentava mais, a fazer coisas que não fazia mais. Estive com amigos essa sexta e sábado e foi fantástico! Eles nem imaginam o quanto eu gostei dos programas. Uma lavagem na alma!

De todas as maneiras que existem de partirmos para um novo rumo, a melhor, sem dúvida, é através dos amigos. Como é bom contarmos com pessoas queridas. Como é bom sabermos que estarão lá. Como é bom sentar numa mesa de bar para risadas. Como é bom um aperto de mão em comemoração a uma vitória pessoal.

PS: alguns devem estar se perguntando porque um dos "tags" desse post é "Chico Buarque". Isso deve-se ao título do post, que é "chupado" do título de uma música do Chico.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

zaz traz

>> Não é fácil organizar uma associação! E quem achou que seria? O importante é que não se perca o foco e tudo não se transforme em uma guerra de egos, onde uma infinidade de diretores se reúnem para resolver nada.

>> O mercado de publicidade de Limeira anda saturado. Será que em todas as cidades é assim? Os mesmos nomes, os mesmos rostos e uma dança das cadeiras sem fim. Será que não está na hora de alguém acordar para essa centena de alunos de PP que desfilam criatividade pelas cinco instituições da cidade que oferecem cursos na área?

>> Uma luz no fim do túnel. Ando recebendo cotações interessantes de clientes querendo algo novo. O céu é o limite. Criatividade já notei que os interessados têm. Agora está na hora de colocar o carro alegórico na avenida.

>> A campanha de inauguração de uma concessionária em Limeira foi campeã. O laço envolvendo o Jornal de Limeira trouxe ares de novidade para os mais de 11 mil assinantes. Choveram telefonemas de elogios. Tanto Jornal de Limeira quanto a marca ganharam com a ousadia.

>> E quem não gosta de uma boa campanha? As vezes me sinto como um médico que se vê obrigado e dar consultas gratuitas em todos os lugares. Muita gente aborda pedindo idéias, comentando campanhas, criticando anúncios. A publicidade realmente está na boca do povo.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Informação é tudo

Sou professor universitário e sempre incentivo meus alunos a lerem e se informarem sobre tudo que acontece de importante no mundo da publicidade. É um começo. Na verdade uma pessoa para se sentir verdadeiramente incluída deve prestar atenção a tudo o que acontece de importante em todos os “mundos”.

Em uma viagem que fiz cerca de um ano para a Europa, estive em Paris visitando o Louvre. O museu é uma verdadeira cidade de obras que contam muito da história da humanidade.

No corredor principal da ala que traz as pinturas italianas, acredito que mais de uma centena de quadros estejam dispostos lado a lado, nas duas paredes, em um longo corredor. Centenas de turistas se esforçavam para ver tudo de perto. Porém, em frente a uma pintura em especial, uma verdadeira multidão se apertava para observar o quadro. Tratava-se de “A Madona das Rochas”, um bonito quadro renascentista de Leonardo Da Vinci.

Na sala em frente estava a Monalisa, também de Da Vinci. E olhando com mais cuidado, encontrei diversos Da Vinci´s, Michelangelo´s, Rafael´s, Caravaggio´s, e assim por adiante. Mas porque então A Madona das Rochas chamava tanto a atenção? Simples. Alguns anos antes um renomado escritor depositou no quadro posição de protagonista em uma história de assassinatos, amores e cristianismo. Trata-se de Dan Brown e seu best seller “O Código Da Vinci”.

No mesmo momento fiz a associação. Lembrei-me do livro que havia lido e do filme que havia assistido. Lembrei-me até de algumas associações que Dan Browm fez das posições das figuras retratadas no quadro em referência a símbolos cristãos e pagãos. Informação é tudo.

Madona das Rochas é um quadro pintado por Leonardo da Vinci (óleo sobre madeira 199cm X 122cm) e que se encontra exposto no Museu do Louvre, na França. O quadro também recebe citação em O Código Da Vinci, best-seller do autor Dan Brown.

A encomenda original para que Leonardo da Vinci pintasse A Madona das Rochas viera de uma organização conhecida como a Confraria da Imaculada Conceição, que precisava de uma tela para ser a peça central de um tríptico em um altar da Igreja de São Francisco, em Milão. As freiras deram dimensões específicas a Leonardo, e o tema desejado para a pintura - Virgem Maria, São João Batista ainda bebê, Uriel e o Menino Jesus, abrigados em uma caverna. Embora Leonardo da Vinci fizesse o que lhe mandaram, o grupo reagiu com horror quando ele entregou a pintura. Havia enchido o quadro de detalhes perturbadores.

A tela mostra a Virgem Maria de túnica azul, sentada com o braço em torno de um bebê, João Batista. Diante dela se encontra sentado Uriel, também com um menininho, Jesus. O mais estranho é ver Jesus abaixo de João Batista. Mesmo que Jesus esteja abençoando-o o sentido da obra é dizer que João está acima de Jesus na hierarquia celeste.

Porém, anos depois, Da Vinci acabou convencendo a confraria de ficar com uma segunda pintura, versão "açucarada" da Madona das Rochas, em que todos se encontram em posições mais ortodoxas. A segunda Versão encontra-se na Galeria Nacional de Londres, com o título de Virgem das Rochas.

As características renascentistas que esta obra apresenta são a composição em pirâmide, o naturalismo, a proporção, e o estudo cuidadoso da anatomia do corpo humano.


Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Virgem_das_Rochas

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Como nossos pais

Outro dia, conversando com um amigo, começamos a lembrar de todos os fatos realmente importantes que nossa geração atravessou. Essa turma que nasceu nos anos 70 ou próximo a eles.

Dentre muitas outras coisas lembramos de quatro conquistas de Copa do Mundo, da geração de prata e de ouro do vôlei, da ascensão e queda do basquete, do “bug” do milênio, do reveilon do ano 2000, da queda do muro de Berlin, do atentado ao World Trade Center, da entrada da Internet na vida das pessoas, etc, etc, etc.

De tudo isso, em minha opinião, o que mais nos influenciou foi a Internet. Gerações mais velhas que a minha, se viram obrigadas a entendê-la, em alguns casos usá-la, porém noto que a Internet não entrou em suas vidas, no dia a dia. Já as gerações mais novas, que vieram após a minha, tiveram ou estão tendo um contato tão precoce com a Internet que a tratam como algo que simplesmente existe. Assim como a TV ou o rádio são para nós.

Alguns publicitários dizem, e eu concordo, que só teremos algo realmente bom e inovador feito para a Internet quando essa geração do final da década de 90 e começo dos anos 2000 começar a trabalhar. Eles nasceram com o conceito de Internet. Não é um conceito adaptado como o nosso. Eles irão simplesmente pensar nela como ela é. Sem influências.

Não sei quanto a vocês, mas eu me autocritico diversas vezes por fazer determinadas coisas pela Internet. Mandar uma carta de amor ou amizade, fazer um convite, comentar algo com um amigo ou coisa assim. Fico me policiando para usar o telefone ou falar pessoalmente com as pessoas em determinados casos. Fico me policiando para não deixar MSN, Orkut e cia. Ltda. fazer as vezes do contato pessoal. Será que essa autocrítica faz sentido?

Duvido que uma pessoa das novas gerações vá achar estranho convidar o colega da sala ao lado para um chopp pelo MSN. Esse vai ser o jeito correto, ou melhor, o único jeito. Essa necessidade de fazer tudo com o olho no olho não vai existir. Simples assim.

Alguns dizem que as pessoas vão ser mais distantes, mais isoladas e até mais tristes. Acredito que isso seja porque estamos pensando com o nosso pensamento que já está formado para fazer as coisas como sempre fizemos. Como os nossos pais sempre fizeram. O melhor a fazer é torcer para que essa falta de contato não se transforme em um problema social e aproveitar a deixa para “ouvir” a mais do que atual “Como nossos pais”, do Belchior.


Não quero lhe falar,
Meu grande amor,
De coisas que aprendi
Nos discos...

Quero lhe contar como eu vivi
E tudo o que aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar
Eu sei que o amor
É uma coisa boa
Mas também sei
Que qualquer canto
É menor do que a vida
De qualquer pessoa...

Por isso cuidado meu bem
Há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal
Está fechado prá nós
Que somos jovens...

Para abraçar seu irmão
E beijar sua menina na rua
É que se fez o seu braço,
O seu lábio e a sua voz...

Você me pergunta
Pela minha paixão
Digo que estou encantada
Como uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade
Não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento
Cheiro de nova estação
Eu sinto tudo na ferida viva
Do meu coração...

Já faz tempo
Eu vi você na rua
Cabelo ao vento
Gente jovem reunida
Na parede da memória
Essa lembrança
É o quadro que dói mais...

Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Como os nossos pais...

Nossos ídolos
Ainda são os mesmos
E as aparências
Não enganam não
Você diz que depois deles
Não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer
Que eu tô por fora
Ou então
Que eu tô inventando...

Mas é você
Que ama o passado
E que não vê
É você
Que ama o passado
E que não vê
Que o novo sempre vem...

Hoje eu sei
Que quem me deu a idéia
De uma nova consciência
E juventude
Tá em casa
Guardado por Deus
Contando vil metal...

Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo, tudo, tudo
Tudo o que fizemos
Nós ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Como os nossos pais...

segunda-feira, 20 de abril de 2009

O velho mundo

Desde os tempos da escola escuto professores referindo-se a Europa como o “velho mundo”. Isso porque a região é berço da civilização ocidental, tem cidades milenares como Roma, Londres, Paris e Madri, e soube preservar suas riquezas como ninguém. Na verdade, o dinheiro da Europa possibilitou que ela preservasse não só suas riquezas, como a de países mais pobres.

Para se ter uma idéia, a máscara do faraó Tutancamom, aquela dourada e azul que todos conhecemos, esteve no British Museum em Londres até poucos anos. Num esforço judicial e diplomático, o governo do Egito conseguiu a transferência da máscara para o museu do Cairo. Os principais museus da Europa guardam uma infinidade de relíquias, jóias, armaduras, múmias, etc., de dezenas de países americanos, africanos e asiáticos.

Mas pensando um pouco, vejo que se buscamos o original “velho mundo” ocidental, não podemos generalizar toda a Europa. Três cidades, em meu ponto de vista, guardam o solo de onde originou-se todo o poder, sabedoria e espírito empreendedor ocidental. São elas, respectivamente, Roma, Atenas e Istambul (antiga Constantinopla).

Puxando pela minha memória (não quis pesquisar em lugar nenhum, pois isso qualquer um poderia fazer!), lembro-me que Roma nasceu dos lendários Rômulo e Remo amamentados por uma loba. Por lá desfilaram todos os “cézares”, foi lá que nasceu – ou se aperfeiçoou – o sistema de senado, Cleópatra, Marco Antonio, gladiadores, uma centena de Papas e cardeais, Michelangelo, Da Vinci e muitas outras figuras da antiguidade moraram ou desfilaram poder por suas ruas. Em Roma está o Coliseu, o Vaticano, a Capela Sistina e a Basílica de São Pedro. Design, moda e culinária mundial sofrem influencia da "cidade eterna" que nos primórdios já se esparramou por toda a Europa, grande parte da Ásia e norte da África. Tudo isso apenas pela memória.

Nas proximidades de Atenas, a principal cidade e capital da Grécia, se estabeleceu uma das civilizações mais desenvolvidas da antiguidade. Recorrendo mais uma vez a memória, lembro rapidamente que a Grécia idealizou o teatro, tinha a cultura de valorizar a sabedoria, foi berço para alguns dos maiores filósofos e pensadores da história da humanidade e palco para, talvez, o maior de todos os espetáculos da Terra: as Olimpíadas. Quem não se lembra da história da heróica corrida na batalha de Maratona que originou a atual prova do atletismo? E de Helena, de Tróia? Do Partenon? Do calcanhar de Aquiles? Dos deuses e deusas que povoam o imaginário de todos até hoje? A Grécia já foi conhecida por seus guerreiros de terra e de mar que dominaram e influenciaram a civilização humana cerca de 4 séculos antes de Cristo. Impossível ser indiferente.

Em Istanbul, capital cultural da Turquia que também já foi conhecida por Constantinopla e Bizantina, estabeleceu-se um dos sistemas de comércio mais avançados da antiguidade. O mundo organizava verdadeiras cruzadas, marítimas ou não, para ter acesso aos seus produtos. Até hoje o mercado de Istanbul, com cerca de 4 mil lojas, é tido como referência mundial. É naquela cidade que uma pessoa pode colocar um pé na Ásia e outro na Europa, claro que figurativamente já que entre os continentes está o estreito de Bósforo. Uma visita a mesquita Azul ou a Sofia, que foi considerada a maior igreja do mundo por 800 anos e hoje abriga um museu, também não deve ser nada má. Que outro lugar no mundo consegue colocar em um mesmo quarteirão cristãos e muçulmanos convivendo sem guerras?

Parece que minha memória anda em dia. Em parte devo agradecer a minha professora de geografia Maria Helena, que em suas insistentes aulas de cartografia obrigava os alunos a desenhavam o mapa de todos os paises do mundo copiados de um Atlas com o auxílio do papel vegetal, e em parte as minhas professoras de história, Dona Elza e Lurdinha, que contavam os principais fatos de cada país ou região com minuciosa riqueza de detalhes.

Está nos meus planos dar uma passada por essas cidades. Sentir de perto o aroma do poder, da sabedoria e da riqueza. Postar em meu blog descobertas, fotos e “causos” dessas regiões tão importantes para a história de qualquer pessoa. Um retorno ao velho mundo. O verdadeiro velho mundo.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Resposta - Maria Bethânia

O melhor é o "PS". Será?

A vida é uma caixinha de surpresas. Quando menos esperamos recebemos verdadeiros presentes que nos fazem pensar um pouco mais em nós mesmos, valorizar mais as coisas boas que somos e que conquistamos e até nos deixam consideravelmente mais felizes.

Tenho passado por um momento assim. Pessoas especiais entraram e saíram da minha vida no último mês. Isso mesmo, algumas entraram e me trouxeram sentimentos bons, dos quais eu estou gostando muito. Já outras saíram e levaram sentimentos da mesma maneira bons, os quais já valorizei muito mas que agora não fazem mais sentido. Tanto as que entram quanto as que saem são muito especiais.

Eu valorizo muito esses momentos da vida. São as horas em que nos voltamos para nós mesmos e nos valorizamos pelo que somos. Hoje sou capaz de afirmar que tenho poucas “neuras”, encaro o trabalho de maneira mais suave, tento não carregar negatividade para casa e tento dar cada vez mais valor as pessoas e situações que se dão valor.

Quinta passada estive num barzinho com um grupo de amigos, sempre muito amigos, mas que nem sempre tenho a oportunidade de encontrar. A noite estava muito gostosa. A conversa fluiu e os choppinhos também. Nesse sábado vou reencontrá-los em uma festa de aniversário. Certeza de diversão. Certeza de novos momentos como esses que tem cada vez mais valor para mim.

Esse post está soando para mim como uma retomada. Recebi um e-mail ontem de um amigo me cobrando mais postagens. Imaginem, um leitor me cobrando que eu escreva! É formidável. Gosto de escrever sobre tudo que gosto e gosto também de saber que o blog é uma espécie de consultório psicológico para mim. Mesmo que esse post não esteja completamente coerente estou extremamente feliz com ele. Falar com os outros e sobre os outros é fácil, o difícil é admitir para nós mesmos certas coisas. Mas isso já é outra conversa.


PS: acredito que esse seja o post mais simples, mais complicado, mais incoerente gramaticalmente e coerente psicologicamente que eu já fiz.

PS2: o post é tudo isso e o “PS” é uma obra de arte! hahahaha

sexta-feira, 13 de março de 2009

Olha o pagodão!

Há alguns anos Maria Bethânia mudou de gravadora. Depois de circular por praticamente todas as “grandes” do setor a cantora baiana ancorou na Biscoito Fino. Sorte nossa, pois a gravadora, brasileira de nascença, prima pelo bom gosto, bom acabamento e meticulismo na produção. Dentre muitas pérolas que a gravadora lançou está o último e fantástico álbum do Chico Buarque, “Carioca”, e o memorável show de Bethânia, “Tempo, tempo, tempo”.

Quando Bethânia migrou para a Biscoito Fino, se comprometeu com alguns projetos e alguns álbuns autorais. Dois deles, lançados não há muito tempo, são homenagens às águas. O álbum “Pirata”, traz a cantora interpretando obras escolhidas a dedo que fazem referência aos rios e as águas doces. Já o álbum “Mar de Sophia” busca na obra da poetiza Sophia de Mello Breyner inspiração e versos para embalar os acordes de outras tantas músicas escolhidas a dedo e interpretadas pela cantora falando sobre o mar e as águas salgadas.

Os dois álbuns são muito inspirados. Acompanhada de verdadeiros deuses dos instrumentos, nomes como Jaime Alem (maestro constante nos trabalhos da cantora), Bethânia coloca a voz rouca e sofisticada para dar vida às águas e seus personagens. A presença de marujos, marinheiros, sereias e a própria Iemanjá é recorrente. Todas as estórias sempre passadas sobre ou ao lado das águas. Algumas faixas são tão conhecidas que têm autores desconhecidos. São cantigas populares, que de tão cantadas em determinadas regiões, caíram no “domínio público”.

Nos dois, reconheço músicas de trabalho. Em “Pirata”, duas faixas chamam a atenção: Santo Amaro e Memória das Águas. Já em “Mar de Sophia” a faixa Beira Mar é um extravaso de alegria e inspiração. Ouvindo justamente Beira Mar, em alto e bom som, entrei na portaria do jornal em que trabalho. Curtindo a sonoridade, os acordes, a voz, a letra, num verdadeiro estado de transe que chega a nos transportar do asfalto quente e seco do interior do estado de São Paulo para a beira do mar. Tudo isso foi cortado de súbito, como num susto, quando o porteiro soltou a seguinte pérola: “Olha o pagodão!”. E Bethânia merecia isso?!

segunda-feira, 2 de março de 2009

Publicitários

Este final de semana, finalmente, foi a colação de grau de meus alunos na sexta e o baile de formatura no sábado.

Como já disse em outros posts, a turma me convidou para ser paraninfo o que me deixou extremamente emocionado. Abaixo segue a transcrição do discurso do paraninfo da primeira turma de Publicidade e Propaganda da Faculdade Anhanguera de Limeira, que fiz na colação de grau e que representa o que sinto e o que desejo a eles.


“Ilmos Srs. Diretor, Coordenador, Professores e funcionários da Faculdade Anhanguera de Limeira.
Demais autoridades presentes ou representantes.
Pais, familiares, amigos e, especialmente, formandos.
A todos boa noite.


Se me perguntassem agora o que eu descreveria como um dos acontecimentos recentes mais marcantes em minha carreira, citaria o fato de ter começado a dar aulas. Comecei há dois anos justamente com essa turma que hoje cola grau. Comecei sem sequer imaginar o que isso representaria para minha vida. Comecei sem sonhar em estar aqui hoje, representando como paraninfo mais de uma dezena de colegas docentes que passaram pela classe desses jovens publicitários.

Antes de tudo quero agradecer a Profa. Tânia Ferreira, que era a coordenadora do curso na ocasião de minha entrada e a grande responsável por eu estar aqui agora, e a Profa. Dra. Adriana Pessati Azzolino, em quem busco me espelhar no profissionalismo e na articulação em tratar com os alunos. Obrigado.

Li no discurso de paraninfo de um colega professor do ITA, que essas palavras devem soar como uma última aula. Que essas palavras devem representar o prefácio de um livro, livro esse que começa a ser escrito agora, por vocês formandos.

Não tenho dúvidas de que essas páginas estarão repletas de criatividade, ousadia, idéias revolucionárias, senso de humor, ética, muito suor e, acima de tudo, profissionalismo. Profissionalismo que vocês provaram ter de sobra, principalmente na correria do último semestre e nas apresentações dos trabalhos de conclusão.

Estou muito feliz em vê-los aqui hoje como publicitários formados sedentos pelo mercado de trabalho. Estou mais feliz ainda, em acompanhar o crescimento profissional da turma, vendo ora uns ora outros entrarem e se destacarem no mercado de trabalho.

Se eu pudesse pedir para que vocês levassem apenas um dos ensinamentos que passei em sala de aula, pediria para vocês se lembrarem sempre de ampliarem seus horizontes. Vocês são muito maiores do que o mundo que está ao seu redor. Procurem ser humildes para reconhecer fraquezas e deficiências e orgulhosos em expor forças e virtudes. O mundo é de vocês. Cabe a cada um construí-lo da melhor maneira possível.

Hoje, ao entrarem neste salão, vocês deram o último passo da incrível jornada chamada “faculdade”. E logo mais, ao saírem, darão o primeiro passo de uma jornada mais incrível ainda, cuja única certeza é a incerteza. Ninguém pode dizer com precisão aonde e o que estaremos fazendo em um ano. Não podemos afirmar sequer o que estaremos fazendo daqui a um dia. E é isso que torna a jornada da vida profissional tão maravilhosa e desafiadora.

Se perguntassem a Cristóvão Colombo antes de sua partida para descobrir a América, em 1492, o que ele gostaria de encontrar em sua jornada será que ele seria capaz de imaginar algo tão espetacular quanto o continente americano? Será que ele seria capaz de sonhar com maravilhas que aqui estavam há milhares de anos e que a civilização européia desconhecia? Acredito que não.

Construam a carreira de vocês a cada instante. Todos os momentos são propícios sim para reavaliações, melhorias, investimento em estudo, e qualquer outra forma de tornar as coisas mais prazerosas e saudáveis. Busquem a felicidade. Usem a carreira para ajudá-los a encontrá-la. É difícil, mas não é impossível de se trabalhar com alegria e prazer. No momento em que vocês estiverem felizes e realizados com as coisas que estiverem fazendo tenham a certeza de que estarão fazendo o melhor trabalho de sua carreira. Aquele que ganhará prêmios, que será lembrado pela diretoria e por colegas de trabalho, que será inesquecível.

Não posso terminar essa pequena fala sem me lembrar dos pais, familiares, namoradas e namorados, amigos e incentivadores de uma maneira geral. Nada paga uma palavra de incentivo, uma crítica construtiva, um puxão de orelhas. Vocês devem se sentir co-responsáveis por esse momento de alegria. Devem se sentir orgulhosos em ajudar na formação de mentes tão brilhantes e únicas.

Dizem que publicitários gostam de holofotes e agora vejo que isso é a pura verdade. Quando comecei a escrever este discurso queria que ele tivesse apenas meia página. Pensei até em fazer algo no improviso! Agora vejo que deveria ter escrito mais. Deveria ter arrumado uma maneira de ficar um pouco mais de tempo junto de vocês. Como isso não é mais possível, vou me despedindo por aqui.

Meus ex-alunos e agora, colegas publicitários: torço para que nos encontremos por aí, em trabalhos, projetos ou até em mesas de bar. Torço para poder continuar acompanhando a jornada de vocês e me orgulhando dela. Que Deus continue abençoando a cada um de vocês.

Parabéns, felicidades a todos e muito, muito obrigado!”

Prof. Cristiano Persona M. Gomes


quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

"Perto de muita água tudo é feliz" - Guimarães Rosa

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

É carnaval, é a doce ilusão!

Tirei umas férias do meu blog. Desde que voltei de Salvador não postei mais nada. A correria no trabalho, a falta de inspiração e a vontade de escrever sempre algo mais novo e melhor fizeram eu dar esse tempo.

Não que agora eu tenha algo realmente novo e melhor, pelo contrário, mesmo antes de acabar tenho certeza que esse post não ficará melhor ou mais interessante do que muitos que já publiquei. Mesmo assim aqui está.

É estranho o carnaval. Ainda que ele chegue meio que de sopetão, sem planos, sem destinos, ele mexe comigo e, acho eu, com todo o povo brasileiro. Não sou mulato, não nasci na Lapa, não vou atrás do trio elétrico, mas hoje pela manhã, ao ver o sol já brilhando com a perspectiva de um feriadão de carnaval entre amigos, sol e cerveja me animei. Cheguei na empresa as 7h, como de costume, e já avisei que não teríamos nossa reunião diária. Preferi algo mais “relex”, descontraído.

Para hoje a noite já combinei um jantar na casa de um amigo. Não vai ser propriamente um carnaval, mas deve ser bem gostoso. Intimista. A partir de amanhã estou sem planos, mas sei que quero encontrar pessoas queridas, dar muita risada, ouvir muita música e esquecer da vida.

É a ilusão do carnaval. Por quatro dias tudo fica perfeito no país. Os problemas acabam, a animação contagia a todos, as pessoas ficam mais felizes. Se eu pudesse pedir uma coisa agora pediria para todos não tirarem essa ilusão das pessoas. Cantaria como na música: “É carnaval, é a doce ilusão, é promessa de vida no meu coração”.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Lágrimas em Salvador

Estou em Salvador, na Bahia. Vim para cá, meio que de sopetão, sem muitos planos. Um amigo que vinha comigo desistiu e vim sozinho. Nunca havia feito uma viagem tão sem planejamento como essa. Nunca havia viajado sozinho. Nunca tinha vindo para Salvador.

Certamente vou escrever mais sobre essa cidade, pois é surpreendente. Uma das mais que conheci. Em matéria de viagem, começo o ano com o pé direito. Mas tem algo que gostaria de escrever daqui, com os pés em terras soteropolitanas.

Estive ontem a noite no encerramento do Festival de Verão de Salvador. Dificilmente viria a esse festival em outras circunstâncias, ainda mais sozinho, mas as coisas acontecem como devem e cá estou. O festival por si só é maravilhoso. Em dois dias de evento vi uma quantidade de shows que não vi em três ou quatro anos! Mas vi algo ontem que foi realmente especial.

Antes do começo do show do Capital Inicial, que foi ótimo, a organização do evento preparou um clip de encerramento com imagens maravilhosas da cidade. Junto do clip, estouraram fogos de artifício. Cerca de 20 minutos de fogos. Como se isso não bastasse, a música que foi colocada de fundo, que não vou saber dizer o nome, é uma espécie de ode a Salvador e a Bahia. As sessenta mil pessoas daquele evento cantaram a todo pulmão a letra inteira. Jamais havia visto demonstração tão forte de orgulho a uma cidade. Nesse momento, lágrimas caíram de meus olhos.

Quando vim para cá, brinquei com amigos que eu iria descobrir “o que a baiana tem”! E acho que consegui. As baianas e os baianos têm um orgulho e uma alegria incomparáveis. Orgulho da terra, de Salvador, dos costumes, da música. Alegria em bem atender as pessoas, em serem amáveis, em dar sorrisos. Sou paulista e apaixonado por São Paulo, mas tenho minhas dúvidas se, sessenta mil paulistas reunidos em algum evento na cidade, conseguiriam passar a energia que encontrei por aqui.

Essas duas noites que passei no festival vão entrar para a minha história. Estou muito feliz de poder ter participado de tudo isso. Acho que gostei também de ter vindo sozinho. Esse sentimento que tive por aqui vai ser meu. Emoção como essa talvez eu tenho sentido em mais uma ou duas ocasiões. Mas isso é história para outros posts. Por ora, vou me apresar para o Rio Vermelho ver os preparativos para a festa de Iemanjá, que acontece amanhã.

Um cheiro para vocês!


PS: certamente vou colocar fotos nessa postagem, mas isso eu faço em Limeira.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Na Carreira

Composição: Chico Buarque e Edu Lobo

Pintar, vestir
Virar uma aguardente
Para a próxima função
Rezar, cuspir
Surgir repentinamente
Na frente do telão
Mais um dia, mais uma cidade
Pra se apaixonar
Querer casar
Pedir a mão

Saltar, sair
Partir pé ante pé
Antes do povo despertar
Pular, zunir
Como um furtivo amante
Antes do dia clarear
Apagar as pistas de que um dia
Ali já foi feliz
Criar raiz
E se arrancar

Hora de ir embora
Quando o corpo quer ficar
Toda alma de artista quer partir
Arte de deixar algum lugar
Quando não se tem pra onde ir

Chegar, sorrir
Mentir feito um mascate
Quando desce na estação
Parar, ouvir
Sentir que tatibitati
Que bate o coração
Mais um dia, mais uma cidade
Para enlouquecer
O bem-querer
O turbilhão

Bocas, quantas bocas
A cidade vai abrir
Pruma alma de artista se entregar
Palmas pro artista confundir
Pernas pro artista tropeçar

Voar, fugir
Como o rei dos ciganos
Quando junta os cobres seus
Chorar, ganir
Como o mais pobre dos pobres
Dos pobres dos plebeus
Ir deixando a pele em cada palco
E não olhar pra trás
E nem jamais
Jamais dizer
Adeus