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domingo, 13 de julho de 2008

90%

Acho que eu estava precisando de um incentivo realmente bom para voltar a escrever. Semana passada bateu na trave! Comecei a fazer meu curso de roteiro para TV e cinema. Gosto muito de escrever. Você já deve ter lido, aqui mesmo em meu blog, minha angústia em colocar para fora meus pensamentos. Esse blog foi criado justamente para isso. Porém, se você ler meus últimos posts, esses que estão logo abaixo, vai ver que são completamente diferentes dos primeiros. Não sei por qual motivo, e acredito que seja uma soma deles, nos últimos posts tendi para o lado emotivo e pessoal. Não gostei do resultado, não é isso que quero. Agora volto para falar de coisas que gosto.

Bem, o curso de roteiro está sendo o máximo! Uma realidade completamente diferente, pessoas completamente diferentes, um clima completamente diferente. Eu imaginava que seria um peixe fora d´água na turma. De certa maneira eu sou mesmo! 90% da turma conhece o que eu sei e mais 90% sobre TV e cinema. Tenho sentido um pouco de dificuldade em interagir com eles graças e isso. De qualquer maneira a turma é intrigante: 10% de publicitários como eu, 20% de alunos de comunicação, 30% de jornalistas mais 10% de pessoas relacionadas à área e o restante de curiosos. Isso falando em ocupação. Se falarmos em objetivos teremos 10% de curiosos e 90% de pessoas na faixa dos trinta que não sabem o que estarão fazendo na semana que vem.

Mas ainda não foi o curso que me motivou a voltar a escrever. Foi mais. Foi muito mais. Foi uma certa senhora que está completando 50 anos. Ou você já leu o post acima e já sabe de quem estou falando ou vai ler agora. Entre no clima!

O filho da Bossa

Ai que saudades que eu tenho dos anos 50. O Brasil passava por um período de crescimento comparado ao de alguns países da Europa. A população vivia um clima de euforia, a copa do mundo finalmente era nossa, a moda, a construção de Brasília, o rock´n roll... ops! Nem eu vivi os anos 50 e nem tenho inspiração para escrever uma linha sequer sobre rock´n roll! Mas uma menina que nascia no final da década, em 1958, embalada pela letra de Tom Jobin e Vinícius de Moraes, pela voz de Elizeth Cardoso e pelos acordes de João Gilberto na então estreante Chega de Saudade, essa sim, me inspira. O nome do single que lançou a música eu não lembro. Pesquisando um pouco digo que foi “Canção de amor demais”, muito provavelmente esgotado em LP e nunca lançado em CD. Não sei. Mas o fato é que esse conjunto de encontros inaugurou em 10 de julho de 1958 a Bossa Nova.

Se você entrar em minha casa de sábado ou domingo entre 10 da manhã e duas da tarde, há uma chance considerável de se sentir em Copacabana ou Ipanema, pelo menos por um instante. Se na vitrola, quero dizer iPod, não estivar tocando uma Bossa deve estar tocando algo parecido com isso. A velha Bossa embala nossos finais de semana há pelo menos uma década.

Meus pais cresceram embalados por ela, mas nunca foram entusiasmados consumidores de música. Conhecem bastante coisa e as vezes me surpreendem, ao cantarem a letra de uma música de um novo DVD que comprei. Porém, acho que essa invasão da boa música a minha casa veio pelas mãos de meu irmão. Muito provavelmente inspirado pela namorada dele daquela época que, por circunstâncias da vida, hoje é sua mulher!

A Bossa Nova é um ritmo que beira a sofisticação absoluta pela sua simplicidade. Caetano diz “que aprendemos com João a ser desafinados” para tentar explicar um pouco a essência da bossa. Até hoje alguns estudiosos e músicos dizem que os estrangeiros não conseguem imitar a bossa. Sequer copiar! A simplicidade de “um banquinho, um violão, esse amor e uma canção” é sofisticada. Que outro movimento conseguiria arrebatar um país e logo após o mundo com tão pouco? A bossa não precisou de instrumentos, iluminação, sexo e drogas para chegar lá. Apenas alguns copos de fermentados ou destilados, o velho banquinho e o velho violão. Ah, é claro, Copacabana ou Ipanema como paisagem.

Bem, não me sinto preparado para ir mais longe nesse assunto. Na verdade, no momento, me sinto preparado para descer as escadas, dar play em meu iPod, abrir uma cerveja, sentar na beira da piscina e ler o ótimo especial que o Estadão trouxe ontem sobre a cinqüentona Bossa, que parece que a cada ano fica mais Nova.