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quarta-feira, 22 de abril de 2009

Como nossos pais

Outro dia, conversando com um amigo, começamos a lembrar de todos os fatos realmente importantes que nossa geração atravessou. Essa turma que nasceu nos anos 70 ou próximo a eles.

Dentre muitas outras coisas lembramos de quatro conquistas de Copa do Mundo, da geração de prata e de ouro do vôlei, da ascensão e queda do basquete, do “bug” do milênio, do reveilon do ano 2000, da queda do muro de Berlin, do atentado ao World Trade Center, da entrada da Internet na vida das pessoas, etc, etc, etc.

De tudo isso, em minha opinião, o que mais nos influenciou foi a Internet. Gerações mais velhas que a minha, se viram obrigadas a entendê-la, em alguns casos usá-la, porém noto que a Internet não entrou em suas vidas, no dia a dia. Já as gerações mais novas, que vieram após a minha, tiveram ou estão tendo um contato tão precoce com a Internet que a tratam como algo que simplesmente existe. Assim como a TV ou o rádio são para nós.

Alguns publicitários dizem, e eu concordo, que só teremos algo realmente bom e inovador feito para a Internet quando essa geração do final da década de 90 e começo dos anos 2000 começar a trabalhar. Eles nasceram com o conceito de Internet. Não é um conceito adaptado como o nosso. Eles irão simplesmente pensar nela como ela é. Sem influências.

Não sei quanto a vocês, mas eu me autocritico diversas vezes por fazer determinadas coisas pela Internet. Mandar uma carta de amor ou amizade, fazer um convite, comentar algo com um amigo ou coisa assim. Fico me policiando para usar o telefone ou falar pessoalmente com as pessoas em determinados casos. Fico me policiando para não deixar MSN, Orkut e cia. Ltda. fazer as vezes do contato pessoal. Será que essa autocrítica faz sentido?

Duvido que uma pessoa das novas gerações vá achar estranho convidar o colega da sala ao lado para um chopp pelo MSN. Esse vai ser o jeito correto, ou melhor, o único jeito. Essa necessidade de fazer tudo com o olho no olho não vai existir. Simples assim.

Alguns dizem que as pessoas vão ser mais distantes, mais isoladas e até mais tristes. Acredito que isso seja porque estamos pensando com o nosso pensamento que já está formado para fazer as coisas como sempre fizemos. Como os nossos pais sempre fizeram. O melhor a fazer é torcer para que essa falta de contato não se transforme em um problema social e aproveitar a deixa para “ouvir” a mais do que atual “Como nossos pais”, do Belchior.


Não quero lhe falar,
Meu grande amor,
De coisas que aprendi
Nos discos...

Quero lhe contar como eu vivi
E tudo o que aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar
Eu sei que o amor
É uma coisa boa
Mas também sei
Que qualquer canto
É menor do que a vida
De qualquer pessoa...

Por isso cuidado meu bem
Há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal
Está fechado prá nós
Que somos jovens...

Para abraçar seu irmão
E beijar sua menina na rua
É que se fez o seu braço,
O seu lábio e a sua voz...

Você me pergunta
Pela minha paixão
Digo que estou encantada
Como uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade
Não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento
Cheiro de nova estação
Eu sinto tudo na ferida viva
Do meu coração...

Já faz tempo
Eu vi você na rua
Cabelo ao vento
Gente jovem reunida
Na parede da memória
Essa lembrança
É o quadro que dói mais...

Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Como os nossos pais...

Nossos ídolos
Ainda são os mesmos
E as aparências
Não enganam não
Você diz que depois deles
Não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer
Que eu tô por fora
Ou então
Que eu tô inventando...

Mas é você
Que ama o passado
E que não vê
É você
Que ama o passado
E que não vê
Que o novo sempre vem...

Hoje eu sei
Que quem me deu a idéia
De uma nova consciência
E juventude
Tá em casa
Guardado por Deus
Contando vil metal...

Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo, tudo, tudo
Tudo o que fizemos
Nós ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Como os nossos pais...

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